(farsa,
USA/ITA, 1991),
de Chuck Patton.
por Paulo Ayres
Arapuca montada no ano seguinte a Home Alone (1990), Wish Kid é uma série animada que apareceu no rastro comercial da comédia de sucesso que alçara então o menino Macaulay Culkin ao posto de estrela roliudiana. Essa farsa — no duplo sentido de ardil e de gênero ficcional de extrema sátira — é protagonizada por um Culkin em modelo animado chamado Nicholas “Nick” McClary (um duplo não oficial de Kevin McCallister). Durou apenas 13 episódios, tendo a sua única temporada reprisada à exaustão na TV Colosso (1993–1997) da Globo, em mais um caso de desenho animado que fez mais sucesso no Brasil do que nos Estados Unidos.
A sátira edificante até desenvolve bem alguns elementos suburbanos (a Sra. Opal bisbilhoteira, por exemplo) e possui uma flexibilidade ajustada de animação na proposta de farsa física — as engenhocas de Nick fazem as do MacGyver (1985–1992) parecerem uma brincadeira de criança. No entanto, cada episódio prende o espectador num ritual repetitivo de lição familista. A própria luva de beisebol mágica de Nick, nesse sentido, é uma espécie de armadilha em que ele cai toda semana em que faz um desejo. O piá sabe que o efeito dessa “droga” é passageiro, mas continua fazendo, gerando a corrida pela reparação e o arrependimento punitivo.
A mecânica narrativa destaca Nick, a todo instante, como garoto prodígio em processo de adaptação moral e, para isso, se moldam as presenças, como escadas, do melhor amigo nerd (Darryl Singletary) e do arqui-inimigo bully (Francis “Frank” Dutweiler). Deste modo, a estrela publicitária de Culkin, nessa época, brilhava tanto que ofuscou uma farsa animada projetada para girar em torno de sua imagem (através de seu personagem), sobrecarregando romanticamente o que poderia ter tido a desenvoltura de The Fairly OddParents (2001–2017). Wish Kid é, enfim, uma curiosa queda na própria emboscada.
[0] Primeiro tratamento: 31/12/2020.
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