Em A Dog's Life, Chaplin compara o destino do andarilho com o de um pequeno cão de rua. O Vagabundo rouba comida para saciar sua fome, dorme em uma construção e briga com desempregados que o empurram à uma agência de trabalho. Paralelamente, o pequeno bastardo mora na rua, rouba sua comida e luta contra uma matilha de cães... O paralelo é óbvio e A Dog's Life certamente se apresenta como a mais mordaz das sátiras sociais retratadas num curta-metragem do Vagabundo. A visão da rua proposta por Chaplin é particularmente sombria: não há solidariedade entre os pobres (como tal, a cena do posto de trabalho é exemplar), os policemen estão sempre presentes atrás de uma barreira com um bastão pronto para golpear e os ricos permanecem totalmente indiferentes à pobreza. No coração desta selva urbana, Charlot conhece uma jovem empregada num restaurante cabaré. Perdida no meio deste mundo machista, ela é tratada com violência por um patrão que gostaria de vê-la excitar os clientes. Mas Carlitos, com sua engenhosidade e ternura, saberá contornar todas as armadilhas e levará sua bela ao campo com o cachorrinho. Aqui, Chaplin oferece um happy end que contrabalança o ponto desesperador do resto da história. Este também é um caso bastante raro na filmografia de Chaplin, onde muitas vezes o final nunca é completamente positivo. De A Dog's Life, vamos lembrar especialmente o primeiro terço do filme (até a entrada no restaurante). Como sempre, a atuação de Chaplin é genial, mas sua mise en scène também é engenhosa e a mensagem que ele transmite é extremamente comovente.
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[0] Tradução: Paulo Ayres.
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