(farsa,
BRA, 2011)
de Mariana Caltabiano.
BRA, 2011)
de Mariana Caltabiano.
por Paulo Ayres
Como é a forma de satirização extrema, o gênero da farsa é um local privilegiado para o aspecto pedagógico de borrar as fronteiras entre a ficção e a cartilha didática. De um livro infantil de Ziraldo até algumas séries clássicas da TV Cultura, esse tipo de sátira edificante abre um universo próprio de possibilidades com traços bem estilizados e alta dose de metalinguagem. Em vista disso, Brasil Animado não tem o perfil de sonífero de certa introdução escolar com fins infantilmente informativos, mas uma espécie de catálogo de turismo com uma (auto)ironia.Aspectos econômicos e geográficos: em Brasil Animado, a viagem, por mais simples que seja enquanto animação com movimentos limitados de sátira B, é´uma aula não só estética como econômica de lidar com poucos recursos. A produtora de Mariana Caltabiano é a criadora de As Aventuras de Gui & Estopa (2008–), juntando aspectos herdados de duas empresas norte-americanas ligadas, Hanna-Barbera e Cartoon Network. Da primeira herdou o elemento de limitação do movimento em sua fase antiga — como Touché Turtle and Dum Dum (1962–1963). Mas, o que seria um defeito nesse contexto, é completado pela influência da segunda, que tem certas farsas cheias de deboche e pitadas de malícia — como My Gym Partner's a Monkey (2005–2008). Brasil Animado, assim, é o compromisso de representar seu país como o catálogo turístico mencionado, mas em sintonia com a virtude de simplicidade eficiente.
Se não alça voos mais altos para além dos comentários que conectam dados regionais e o aspecto de cartão-postal convidativo dos estados, há uma consciência crítica do percurso. Curiosamente, o personagem Stress coloca o assunto nesse rumo por sua obsessão lucrativa. Ele é a personificação do racionalismo formal enquanto liberalismo econômico, e seus pitacos fazem o good vibes Relax ponderar que a história também é feita de conflitos de interesses. A dupla de cachorros antropomórficos também indica que derrotas particulares podem se desenvolver como vitórias universais a longo prazo. Se o roteiro está baseado teoricamente na história idealista ou na história materialista não importa de maneira direta. A peculiaridade da arte tem suas próprias leis, distintas do reflexo teórico. E para o propósito introdutório do Brasil, a turma de Caltabiano fez um bom trabalho enquanto ficção.
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