(farsa,
USA, 2025)
de [ ].
por Paulo Ayres
Quadros, placas, manchetes de jornais, legenda com informações que surgem na tela... esse material pode se tornar uma piada visual na farsa. Do mesmo modo, objetos de fundo e decorativos podem ser incorporados em primeiro plano. Vide um boneco de neve que, no novo The Naked Gun, quase forma um trisal com o Tenente Frank Drebin Jr. (Liam Neeson) e Beth Davenport (Pamela Anderson). Em resumo, o filme de [Akiva Schaffer] possui certa tendência geográfica em que os elementos de cenário disputam a atenção com a linha principal do roteiro. Entretanto, no conjunto de objetos que servem de suporte humorístico, está a fotografia emoldurada do Frank Drebin de Leslie Nielsen na parede. Um ponto de reverência entre outros antigos membros do Esquadrão Policial de Los Angeles.
Obviamente que as imagens de ligação se mostram como somente uma das constantes piadas; porém, ao mesmo tempo, é uma conexão daquilo que a sátira assume como legado em movimento. São vários anos em que a franquia não lança uma continuação. Além da série televisiva Police Squad! (1982), o trio ZAZ — David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker — realizou uma trilogia de episódios longos: The Naked Gun: From the Files of Police Squad! (1988), The Naked Gun 2½: The Smell of Fear (1991) e Naked Gun 33⅓: The Final Insult (1994).
Mesmo que seja uma renovação, esse The Naked Gun da nova geração continua o patamar anterior. O terceiro filme original, o de 1994, termina justamente com o nascimento de Frank Drebin Jr. e o “insulto” final, ou piada final, é um morde e assopra ilustrativo. O policial feito por Nielsen entra na sala errada da maternidade e vê um recém-nascido negro. Depois, a imagem mostra que é outro o bebê de Jane (Priscilla Presley). Numa sátira realista, esse tipo de piada de adultério seria confirmada. Continuando o esquema edificante, The Naked Gun retoma alguns elementos da ficção criminal de estilo noir, mas caminhando na “heroicização” do casal principal. Há alguns ambientes meio escuros, narrações em off com voz de locutor e uma femme fatale. Momentos bem criativos; embora, como a cena da sombra indica, seja um filme de contornos, silhuetas de fato.
O vilão é o burguês Richard Cane (Danny Huston), da empresa Edentech. O enredo, por sinal, destaca o panorama tecnológico de dispositivos digitais e carro sem motorista. Com isso, salienta o longo hiato da franquia. A herança narrativa, por outro lado, continua até nos servidores escudeiros, que são os filhos dos anteriores.
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