Pixels
(comédia,
USA/CHN, 2015)
de Chris Columbus.
por Paulo Ayres
As coisas se encaixam mecanicamente em Pixels. O mundo parece desabar de maneira recreativa impondo os suspenses codificados e mil e uma referências à iconografia do videogame clássico (Donkey Kong, Pac Man etc.). Esse mundo, aliás, é o Sandlerverse recebendo um evento apocalíptico internacional e sendo dirigido por um perito hollywoodiano: Chris Columbus, que tem o prestígio um nível acima do revezamento costumeiro de cineastas-servidores na produtora de Adam Sandler. Pixels, por isso, tem elementos para se destacar da programação média de entretenimento, mas não consegue organizar seu material para além do modelo padrão da sátira edificante avançada.
O próprio tema da padronização alimenta o roteiro: Sam Brenner (Sandler) é um mestre do fliperama com a habilidade de captar padrões em jogos e ter um desempenho excelente; e Ludlow (Josh Gad) é um gamer que se tornou um excêntrico teórico da conspiração, procurando padrões em todo canto, formulando hipóteses estranhas. A nerdice, aliás, é uma bandeira agitada nessa comédia de ficção científica e visa conectar esse arquétipo ao do militarismo bully. Mais do que uma reverência saudosista aos anos 1980, Pixels funciona como um manifesto de (auto)afirmação de nerdolas, entre o estilo referencial da série comediesca The Big Bang Theory (2007–2019) e a pluralidade marginalizada dos filmes Revenge of the Nerds (1984–1994).
Em Pixels, cada um dos gamers protagonistas se torna “padrão” (uniformizados como uns “caça-fantasmas”) e ficará com uma “gostosa” no final feliz; e o que já é casado (Kevin James), fã do Chewbacca, é nada menos que o presidente dos Estados Unidos no Sandlerverso. Universo esse em que a canção oitentista “Everybody Wants To Rule The World”, do Tears for Fears, indica — como indicou em Click (2006) — que algo escapa pelos dedos de seus controladores padronizados, mas não são os cubos brilhantes que se desfazem na tela. É o fato de ser uma sátira sobre invasão alienígena em que não presenciamos os seres orgânicos por trás de tudo (se é que possuem uma composição física para além da purpurina virtual e da deepfake em vídeos antigos). No sentido dessa comédia espacial, como a hipótese do zoológico, o showbiz manipula a cultura pop.
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Lista de sci-fi comedy no subgênero space fiction:
[0] Primeiro tratamento: 23/05/2021.
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