The Day the Earth Blew Up (farsa,
USA, 2024)
de [ ].
por Paulo Ayres
Longa-metragem mais recente dos Looney Tunes, The Day the Earth Blew Up não baseia sua proposta na interação entre animação e live-action — como Space Jam (1996), Looney Tunes: Back in Action (2003) e Space Jam: A New Legacy (2021). Também não cria uma metalinguagem que ironiza esse universo ser um produto pertencente a Warner. Em The Day the Earth Blew Up, o enredo parte de uma pieguice com autoironia — a criação educativa de dois “irmãos” pelo Farmer Jim —, para colocar a dupla Porky Pig e Daffy Duck na procura de empregos por aí. A sátira edificante não interage com atores “reais”, mas caminha pelo espelhamento de relações sociais mais amplas.
Depois de muitas demissões, o porco e pato antropomórficos conseguem uma estabilidade cotidiana numa fábrica de goma de mascar. Além de algumas referências à farsa física de Charlie Chaplin, Modern Times (1936), o esforço repetitivo dos operários se desdobra em dois movimentos: apertar o botão, puxar a alavanca, apertar o botão, puxar a alavanca... É um trabalho material que, durante um tempo de execução, “freia” a instabilidade ficcional de Porky, o medroso, e Daffy, o histérico. Como era de se esperar, tal disciplina produtiva dura pouco e o enredo se desdobra para uma zumbificação numa invasão alienígena. Os chicletes se tornam invasores de corpos, fazendo, cada vez mais, a população se tornar um grupo de mascadores e assopradores de bola de goma.
Como polo dialético da mistura rosa que se espalha pelo planeta, a cor violeta é conservação e ruptura. Petunia Pig é a mocinha e cientista que colabora com a dupla principal e simbolizará essa alternância. Nesse ponto, a farsa metalinguística utiliza essa variação de cor também como virada de roteiro. O que parecia uma ameaça se revela como tentativa de proteção: o planeta como uma bola de goma, evitando a penetração de corpos estranhos. A missão é evitar que um asteroide se choque com a Terra.
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