The Scorpion King
(folhetim,
USA/GER/BEL, 2002)
de Chuck Russell.
por Paulo Ayres
Há muito tempo, numa galáxia muito distante... surge uma franquia de fantasia distinta de Star Wars (1977–) A galáxia é a Via Láctea, o planeta é a Terra, a época histórica é a Antiguidade e cidade grande é Gomorra. O primeiro The Scorpion King é um folhetim épico que pode ser entendido como um modelo da jornada do herói que vai direto ao ponto. Uma satirização consciente da tradição e dos traços com que lida. Desde a escalação da imponência física de Dwayne Johnson, passando pelo escudeiro pateta Arpid (Grant Heslov) até o fato de o mercenário do bem preferir um camelo em vez de cavalo como transporte. Desde a sequência inicial em que salva um irmão, sabemos que Mathayus é “foda”. Jornada do herói acelerada que dispensa a figura do mestre. O roteirista Stephen Sommers e outros deuses produtores de Hollywood, todavia, fazem questão de seguir a cartilha amorosa da arte edificante.
O assassino e a feiticeira. Um par que está no centro das idas e vindas por entre soldados, comerciantes é até um desfile de harém. The Rock tem uma luta “amistosa” com outro guerreiro musculoso (Michael Clarke Duncan como Balthazar), obtendo o prestígio como liderança masculina. Cassandra (Kelly Hu), por sua vez, aparece como a típica vidente cujos poderes são mantidos pela virgindade. Velho pretexto ficcional (e de ideologia patriarcal) para destacá-la? Sim, mas a sátira The Scorpion King não é o drama Immortals (2011), e até isso vira uma piada no finalzinho do filme. Além disso, o Escorpião Rei não se mostra totalmente infalível, tendo a vida salva justamente pelas personagens sem a essência bélica: Arpid e Cassandra. São dois momentos em que a computação gráfica oferece a oportunidade para o diretor Chuck Russell criar espetáculos visuais que tiram a narrativa da aridez pura do ambiente: o ataque das formigas e a tempestade de areia.
The Scorpion King é uma linha de spin-off que gerou mais filmes que a saga original: a trilogia The Mummy (1999–2008), de Sommers, é ficção fantasiosa que se passa na Modernidade tardia. Enquanto isso, no reino do passado distante, Philos (Bernard Hill) é o que representa a inclinação à experimentação científica no contexto. Ele chega a inovar a batalha com uma espécie de pólvora, mas nada que mude a dinâmica das espadas e similares. Se foi dito que esse The Scorpion King vai direto ao ponto e tem isso como qualidade, por outro lado, isso encaminha o movimento como totalidade fechada, bem fechada. De tal maneira que até o próprio movimento é posto em dúvida enquanto conjunto de fotogramas que a obra é. Flecha eleata.
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