quinta-feira, 3 de julho de 2025

Retrovisor plano

Driven
 
(tríler,
USA, 2001)
de Renny Harlin.


 
 por Paulo Ayres

Como sinal da alta velocidade e em ambientes distintos — na pista de corrida e em plenas ruas movimentadas de Chicago —, algumas moedas e uma tampa de bueiro — feitas em computação gráfica — se levantam do chão, afirmando visualmente o que a potência de efeitos sonoros já indica. Driven é um filme todo estruturado na sensação de ser um piloto de automobilismo e esses recursos estão lá como adornos potencializadores. Só isso basta? Obviamente que não. O roteiro água-com-açúcar é como um movimento retardatário, tentando acompanhar o que a equipe de efeitos visuais pôde criar em pleno 2001.
 
Sylvester Stallone surge como o veterano Joe Tanto, convencido a voltar às pistas de competição, numa categoria datada, para ser o escudeiro e o coach motivacional do jovem Jimmy Bly (Kip Pardue). Burt Reynods interpreta o chefe dessa equipe, Carl Henry, paraplégico: sua limitação realça seu papel de coordenação que acompanha a corrida à distância, tendo a seu lado outros coadjuvantes cuja função dramática é torcer.
 
Tríler de costumes, Driven se esforça para fazer de cada grande prêmio um espetáculo audiovisual com uma porção de perigo, para quebrar a monotonia da turnê por diferentes cidades que mais parece uma cobertura ensolarada de evento esportivo. Renny Harlin deve ter tido algumas aulas com a ESPN ou algo do tipo. Estão lá cortes na plateia, modelos femininas e publicidade, muita publicidade. Se bem que isso não é forçado. A propaganda comercial é alma desse negócio mesmo. De modo que os patrocinadores devem ter adorado o projeto. Entretanto, apenas motores fazendo barulho e muitas logomarcas não preenchem todos os requisitos do modelo padrão de entretenimento. Nesse sentido, a presença de dois casais provocam algumas faíscas de atrito nos bastidores e em festas: o piloto rival de Jimmy, Beau Brandenburg (Til Schweiger), e sua namorada Sophia Simone (Estella Warren), e, também, o piloto brasileiro Memo Moreno (Cristián de la Fuente) e sua esposa Cathy Heguy (Gina Gershon).
 
Na corrida na Alemanha, o historical thriller abusa do seu arsenal digital para oferecer a perspectiva alucinante de estar em um acidente coletivo e rodopiando com o veículo. É nesse episódio, ademais, que a dupla de jovens rivais interrompem seu desempenho competitivo e se juntam para salvar o colega brasileiro capotado num lago. Heroísmo atolado de um drama edificante que mistura água e gasolina.  

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Lista de historical thriller no subgênero fiction of manners:
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