(folhetim
USA, 2025)
de [ ].
por Paulo Ayres
Ao estilo de manchete jornalística, a sinopse da premissa: carro com pai e filha atropelam um filhote de unicórnio na rodovia; e o pai sacrifica o animal com uma chave de roda. Folhetim da A24, Death of a Unicorn tem um conjunto de elementos simples, mas que se abrem para possíveis interpretações, ou talvez é só aquilo que se vê na tela no texto direto. Por sinal, é introduzido no enredo a obra de tapeçaria La Chasse à la Licorne (1495–1505), que divide os especialistas quanto ao significado metafórico — se é que tem. Como dados diretos do filme, há Elliot Kintner (Paul Rudd) e sua filha adolescente Ridley (Jenna Ortega) em direção à mansão de uma família bilionária.
Diante do sacrifício do equino sagrado, descobre-se que seu corpo possui propriedades curativas. Uma regeneração mágica experimentada, de início, com o fim das acnes de Ridley e o fim da alergia e da limitação de visão de Elliot. Logo, a família super-rica coloca seus cientistas para trabalharem na extração do produto inestimável, que até cura o câncer. Se Ridley, ao tocar o chifre do unicórnio, faz um breve viagem psicodélica, por outro lado, no habitat da classe capitalista, é como se os cifrões fossem visualizados. Surge outro “núcleo familiar” impedindo os negócios planejados pelos Leopolds — Odell (Richard E. Grant), a esposa Belinda (Téa Leoni) e o filho Shepard (Will Poulter). O par de unicórnios adultos realiza uma vingança mortal. Os empregados não conseguem caçá-los. No foco da sátira edificante há a reconciliação familiar de Elliot e Ridley, ao mesmo tempo em que esses se conciliam com os equinos.
Ideologia familista à parte, é curioso que, em Death of a Unicorn, o movimento de mercantilização ambiciona tornar até esse poder imaterial um produto comercial. Chifre raspado, sangue lilás, carne, couro é órgãos são matéria orgânica que pode ser destrinchada em mercadorias, mas a magia contida é um componente sobrenatural que é estranho imaginar sendo mensurado com exatidão. Contudo, pode haver uma ficção mágica com leve aparência de ficção científica — vide a dramédia Cold Souls (2009) de Sophie Barthes —, pois uma metáfora pertinente da nossa época é como o capital tende ao processo de expansão, concentração e centralização. Atropelando algo e colocando no seu porta-malas.
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Lista de fantasy feuilleton no subgênero magical fiction:
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