domingo, 24 de agosto de 2025

Adaptação simples

 My Penguin Friend

(dramédia,
USA/BRA, 2024)
de [ ].
 

  
por Paulo Ayres
 
Quando se fala em My Penguin Friend parece quase obrigatório falar de que lugar veio a inspiração do filme. Baseado em fatos reais, a dramédia serve também como informação introdutória sobre a amizade que aconteceu entre um pescador brasileiro e um pinguim migrante da Patagônia. Ainda assim, há uma configuração do filme de [David Schurmann] que desvia a classificação da ficção histórica para um desenvolvimento especulativo, mesmo que deveras sutil.

Falar em ficção científica pode parecer exagero, mas o estilo do drama não se contenta com os dois polos humanos, no Brasil e na Argentina. Passa a acompanhar o pinguim Dindim criando, quase, um triângulo narrativo de desenvolvimento geográfico. No seu habitat, o pinguim singular sofre uma adversidade quase fatal, numa pequena aventura própria. Clímax que quebra a expectativa de humanos, na praia, esperando o animal, que fez o percurso migratório durante oito anos.
 
Essa ampliação para as forças naturais, com peso na trama, coloca My Penguin Friend como eco-dramedy. Se é um tanto inofensiva é outra história. Nesse outro aspecto de sua constituição não está uma característica própria da temática, mas quanto a forma e o grau de realismo estético extremamente rarefeito. Trata-se de um drama edificante de superfície marítima e ondas leves. João Pereira de Souza (Jean Reno), pescador que vive com sua esposa Maria (Adriana Barraza), cuida de um pinguim encontrado em meio ao óleo. Praticamente domesticada na recuperação, a ave retorna constantemente à Ilha Grande.
 
Além dos pescadores e outros brasileiros, os pesquisadores argentinos de biologia evolutiva também falam inglês — o idioma dessas águas internacionais. Um casal de cientistas — Carlos (Nicolás Francella) e Adriana (Alexia Moyano) — e sua filha observam e estudam os pinguins do bioma frio da América do Sul. Dindim é um pinguim que chama a atenção pelo desvio de comportamento. Através dele, o tema da adaptação atravessa fronteiras ontológicas no filme para uma mensagem fabular.
 
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