quinta-feira, 13 de junho de 2024

Manutenção corretiva

Sudden Death 
 
(folhetim,
USA, 1995),
de Peter Hyams.
 


por Paulo Ayres

Um dos vários folhetins protagonizados por Jean-Claude Van Damme, Sudden Death chama a atenção somente na capacidade de alargar seu enredo apelando para uma espiral temática. Todo o filme parece um ritual secreto em torno do tema da partida decisiva de hóquei no gelo. O deslocamento da ação é um giro por ambientes da Civic Arena de Pittsburgh, onde o trabalhador de inspeção Darren McCord se verá em lutas corporais com “fatality”, utilizando objetos locais como instrumentos de combate, a exemplo do óleo quente da cozinha ou algum peso da sala de musculação. Desse modo, de início, o heroico pai irá depenar o mascote do Pittsburgh Penguins. E o padrão continua. A sátira edificante dirigida por Peter Hyams, assim, é toda amparada na cronometragem para introduzir aflição na narrativa: desde as legendas avisando que o jogo vai começar até a chantagem dos criminosos, movimentando-se de acordo com a temporalidade da partida.

Para realizar esse giro fechado, ambiental e temático, Sudden Death, então, pouco progride enquanto reflexo estético. Chega ao ponto que até o Van Damme participa do jogo um pouquinho. Enquanto isso, o aspecto mais interessante dessa trama rocambolesca se apresenta de maneira indireta: o fato de McCord, sucessivamente, desarmando bombas e matando vilões, continua de alguma forma trabalhando na inspeção e na manutenção do local, nos bastidores preventivos e corretivos sem glamour, o que envergonhava o filho. Aliás, o piá ao ficar parado no seu assento, enquanto o ginásio é evacuado, é uma amostra de uma ideia criativa, fina ironia, mas que foi usada apenas como mais um gancho piegas. No placar dessa satirização, o familismo vence no tempo acrescido.

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[0] Primeiro tratamento: 21/08/2021.
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